12 de set. de 2007

RÁDIO DIGITAL


Imagem de Laycer Tomaz

Consolidada - 12/09/2007 00h02


Escolha de Sistema de Rádio Digital Gera Polêmica


Participantes debateram temas como os custos econômicos da implantação da nova tecnologia.

A preocupação sobre o impacto da implantação do rádio digital no bolso do ouvinte, na indústria brasileira e nas pequenas emissoras dominou a audiência pública realizada nesta terça-feira pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.


Assim como aconteceu em relação à TV digital, a grande polêmica é em torno do padrão que o governo irá adotar na transição do rádio analógico para o digital. Os testes estão mais avançados em relação ao sistema In Band On Channel (Iboc), norte-americano, que conta com a preferência das grandes emissoras comerciais, e ao sistema DRM, europeu, mais usado para freqüências de ondas curtas. O rádio digital terá qualidade de áudio equivalente aos CDs e possibilidade de interação com outras mídias. Crítico do Iboc, o coordenador da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, Joaquim Carvalho, afirma que esse sistema pode quebrar a indústria nacional e as pequenas rádios, já que os norte-americanos cobram royalties pelo seu uso e podem resistir em transferir a tecnologia para o Brasil.


"O que vai acontecer com Santa Rita do Sapucaí (MG), onde há milhares de pessoas trabalhando na produção de transmissores? O que vai acontecer com a indústria de receptores? Vão vir equipamentos da China?" questionou Carvalho. "E os empregos no Brasil? O que vai ser dos pequenos e médios radiodifusores comerciais, rádios comunitárias e rádios educativas, que não vão ter condições de pagar o preço do equipamento do jeito que está sendo implementado?" acrescentou.


Pontos positivos Já a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) sustenta que os testes com o Iboc mostraram excelente resultado e não vão representar prejuízos para a população nem para a indústria do Brasil. Ronald Barbosa, assessor técnico da Abert, argumenta que o surgimento de mídias de alta tecnologia torna urgente a implantação da rádio digital, para garantir a sobrevivência sobretudo das emissoras AM.


"O público em casa já tem acesso ao CD, ao Ipod, ao MP3, todos com qualidade digital. E, na verdade, as emissoras não conseguem acompanhar essa qualidade de áudio na sua transmissão, fazendo com que o público deixe de ouvir a emissora e passe para outras mídias que têm uma qualidade melhor", argumentou Barbosa.


Debate amplo


Apesar da preferência da Abert e do ministro das Comunicações, Hélio Costa, pelo padrão norte-americano, a deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG) defendeu amplo debate antes de qualquer decisão final sobre o tema.
"É uma decisão do governo, mesmo que o ministro tenha uma opinião. Eu tenho certeza de que toda a comunidade, todas as áreas e o Legislativo vão debater isso", afirmou.
Segundo ela, é preciso discutir se pode ser usada tecnologia brasileira no rádio digital, e qual será a participação da indústria brasileira. "Esse debate ainda está começando", avaliou.
Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição - João Pitella Junior
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