
Família: base e esteio de uma sociedade saudável.
Gostaria de iniciar relembrando alguns conceitos, tais como:
· Família
· Sociedade
· Saudável
Eu diria que, a FAMÍLIA é ‘a célula fundamental da sociedade’, pois ela agrega novos membros; forma a sua personalidade; transmite valores essenciais da convivência civil, como a dignidade da pessoa, a confiança mútua, o bom uso da verdade, o diálogo, a solidariedade, a obediência e respeito à autoridade. Influi em medida notável nas escolhas dos indivíduos em muitos âmbitos: conquistas, carreira profissional, emprego do tempo livre, amizades e relações sociais, em geral. Na maioria das vezes, desenvolve uma ação social direta através de empreendimentos familiares, envolvimento na escola, participação em associações, promoção humana.
Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade.
Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada.
A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.
Pessoas de várias nações unidas por tradições, crenças ou valores políticos e culturais comuns, em certas ocasiões também são chamadas de sociedades (por exemplo, Judaico-Cristã, Oriental, Ocidental etc.). Quando usado nesse contexto, o termo age como meio de comparar duas ou mais "sociedades" cujos membros representativos representam visões de mundo alternativas, competidoras e conflitantes.
Uma sociedade saudável, na definição da Organização Mundial de Saúde, "... é aquela que coloca em prática de modo contínuo a melhoria de seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade".
Muito bem! Para que o homem possa viver em sociedade, é necessária a observação de determinadas regras de convívio, assim como, a assimilação perfeita de valores morais, fundamentados na família e na religião.
Nos primórdios, PLATÃO, cujo nome verdadeiro era ARISTOCLÉS, em homenagem ao seu avô, escreveu “A REPÚBLICA”, que é um tratado completo, onde expõe um sistema de governo e o modo de vida ideal, e como se chegar até ambos. Igualmente conhecida na “REPÚBLICA”, é “A ALEGORIA DA CAVERNA”, que ilustra apenas parte do mundo, reduzindo-o. Sua intenção ao lançar mão dessa alegoria, era ilustrar um movimento de difícil compreensão, que é a libertação dos grilhões que aprisionam o homem.
Falando de forma resumida, no Texto “Alegoria da Caverna”, Platão, em um diálogo com Gláucon, compara a educação humana, ou a falta dela, com uma situação hipotética onde pessoas que tenham vivido por toda a vida dentro de uma caverna, pudessem apenas, durante todo esse tempo, ver as sombras que vinham do exterior, projetadas na parede da mesma, o que para elas, eram a única realidade.
Versava, após, sobre o choque causado pelo primeiro contato de um destes homens com o mundo externo ao que eles viviam em que eles seriam forçados a endireitar sua postura, e olhar para os objetos e a luz, na forma como a conhecemos; falava, pois, sobre a dificuldade em aceitar uma nova proposta, e que, devido ao padrão pré-estabelecido, o homem tenderia a reconhecer como reais os objetos na forma que ele já conhecia, e não no padrão recém apresentado. Para que fosse possível a adaptação, necessitaria acostumar-se gradualmente com o meio. A partir disso, o homem seria levado a formar novas conclusões no tocante ao padrão de realidade em que ele, agora, vive.
Este homem se lembraria de todo o sofrimento que passou na caverna, lembraria dos outros que lá ainda estavam, ficaria feliz por ter mudado sua situação e sentiria pena dos outros; faria tudo para não voltar àquela vida.
Se tivesse que voltar para a caverna, teria dificuldades, pois seus olhos já teriam se adaptado à claridade, e seria humilhado por seus antigos companheiros, que lá ainda estariam, e lhes daria a idéia de que sair dali era ruim, pois “estragaria suas vistas”, levando-lhes a agredir qualquer um que queira tirá-los dali.
Finalmente, Platão demonstra a percepção final da realidade, aonde, chegando-se ao limite do conhecimento do meio, perceber-se-ia que a idéia do Bem é à base de todo o conhecimento e consciência conhecidos, a despeito das ilusões em que as verdades foram outrora baseadas.
Vamos comparar, então, os habitantes da caverna com uma sociedade não-saudável, cujos membros não constituíam uma família, estando apenas restritos a um mesmo espaço.
O ‘sonho’ de uma sociedade hipotética perfeita, repete-se na obra de ALDOUS HUXLEY, “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”. Porém, senhores, não há sociedade perfeita se cada uma de suas células não estiver em harmonia, não estiver fundamentada nas bases da moral e da ética, à luz da observância dos princípios religiosos.
Vivemos em uma época onde a consciência do papel social da família foi ofuscada. Reconhece-se sua grande importância privada, de caráter afetivo, mas de pouca importância na sociedade e para a sociedade. Não lhe é assegurado o necessário apoio jurídico, econômico, assistencial e cultural. Falta-lhe proteção do Estado. Ao contrário, o alargar-se dos deveres de trabalho e dos interesses desgastam a unidade familiar.
A mobilidade social cada vez mais rápida, dificulta a aceitação de um relacionamento conjugal definitivo e favorece a permissividade sexual e as uniões provisórias não legalizadas. Confinada no privado, fechada no isolamento afetivo, a relação conjugal acaba por se tornar mais pobre e frágil. Não sustentado adequadamente no plano econômico e cultural, o casal reduz ao mínimo os novos nascimentos, dando lugar a uma preocupante crise demográfica, principalmente nos países desenvolvidos. Naquela que aparece como “sociedade dos indivíduos”, a família respira com dificuldade, mesmo que ainda seja considerada um valor por todos. Por outro lado, esse mal-estar vivenciado pela família vai repercutir de forma direta na sociedade, no surgimento de inúmeras células não-saudáveis.
É necessário redescobrir e valorizar plenamente o papel da família, comunidade intermediária entre indivíduo e sociedade. É preciso solicitar sua responsabilidade e apoiar seu compromisso, especialmente, no campo educativo. E assistencial. A política deveria voltar-lhe uma atenção privilegiada e servi-la com iniciativas de apoio e integração. Hoje as iniciativas de maior relevo poderiam ter os seguintes conteúdos:
· Tutela da vida e apoio à maternidade;
· Ajuda econômica às famílias com filhos;
· Facilidade na aquisição da casa própria;
· Organização do trabalho que respeite as exigências da vida familiar;
· Eqüidade fiscal com base nos encargos familiares;
· Organização da escola de modo que as famílias tenham efetiva liberdade de escolha e possibilidade de participação;
· Estruturação dos serviços assistenciais de tal forma que envolva as famílias, especialmente em relação aos deficientes e idosos.
Valorizar a família significa prevenir muitos males da sociedade. Uma política para a família é uma política para a liberdade na solidariedade em favor dos outros’. Tais são as palavras do Pe. Leandro Chiarello, professor da PUC-RS, com as quais concordo plenamente.
Essa falta de compromisso com a estrutura familiar como embasamento da sociedade é que tem levado a completa deterioração nas esferas institucionais, políticas e sociais do nosso país; onde vicejam os escândalos de corrupção, levando a população à total descrença em relação aos poderes executivo, legislativo e judiciário e à impressão de que este ‘câncer’ é inextirpável, tendo passado a integrar de forma indelével o caráter nacional.
É aí que entra a importância do ensino religioso na família, sendo esta a célula mater da sociedade. O núcleo familiar é o primeiro grupo social do participamos e recebemos, não somente herança genética ou material, mas principalmente moral.
Nossa formação de caráter depende fundamentalmente, do exemplo ou modelo familiar que temos na formação de nossa personalidade. Segundo os psicólogos deterministas a formação da personalidade de indivíduo ocorre em sua fase infantil. Precisamos entender que existem desvios de comportamento causados por influências sociais (meio social, meios de comunicações, grupos sociais, etc.) e crises existenciais que podem fazer o indivíduo, em determinada fase de sua vida em suas escolhas pessoais nas quais ignoram totalmente todo tipo de informação ou exemplo familiar, e em geral estes desvios são terríveis, social e emocionalmente falando.
O ensino religioso na família tem um papel importantíssimo na formação do indivíduo, ou melhor, na formação da pessoa como um todo. Creio que o ensino religioso na família produz a possibilidade do indivíduo estruturar-se de tal maneira que cria como objetivo básico o bem-estar pessoal e familiar através de uma vida regrada, saudável e estruturada.
Independentemente de ser este ensino religioso, proveniente do catolicismo, protestantismo, judaísmo, islamismo, etc., trará benefícios; desde que haja seriedade e coerência familiar. Alguns destes benefícios seriam:
· ESPIRITUALIDADE – A prática do culto doméstico (evangélicos), das novenas (católicos), o estudo da TORAH (judeus) dentre outras práticas domésticas do ensino religioso promovem a espiritualidade no lar. Uma vez que vivemos em um mundo globalizado, onde a individualidade, o materialismo-consumista tem ocupado a primazia no ambiente familiar, portanto valores espirituais são importantes na vida familiar.
· MORALIDADE – Aqui é necessário fazermos a distinção entre ‘moralismo’ e ‘moralidade’. A moralidade é formada pelo conjunto dos princípios morais e o moralismo é a legalização desses mesmos princípios. O comportamento moral tem tudo a ver com a conduta religiosa da família. O apelo à sensualidade é muito grande nos meios de comunicação. Os jovens são instruídos pela mídia a fazerem uso de preservativos (numa tentativa, um tanto atabalhoada, de conter o avanço das doenças sexualmente transmissíveis), porém esquecendo-se de que toda a cristandade baseia-se no casamento como uma manifestação da graça divina como propósito para o homem e a mulher (muito bem definido em Gênesis, livro sagrado seja esta família católica, protestante ou judaica).
· FRATERNIDADE – O amor fraternal é o fundamento religioso na maioria das religiões, sejam elas cristãs ou não-cristãs (personalistas ou animistas). A identidade de que, todos, partimos de uma mesma origem divina nos irmana.
· SOLIDARIEDADE – O princípio básico religioso é a questão do amor ao próximo e atendimento aos mais necessitados. A solidariedade, tendo a opção pelos pobres, não é privilégio da Teologia da Libertação, ou das campanhas governamentais e das ONGs.
· INTELECTUALIDADE – A leitura diária do Livro Sagrado (Bíblia, Alcorão, Evangelho Segundo O Espiritismo, etc.), promove o ambiente de intelectualidade e interesse pelas diversas formas de leitura.
· MUSICALIDADE – A música é uma linguagem universal, e que na realidade é um dos excelentes meios pelos quais a religiosidade encontra sua expressão mais pura. Dizem que quem canta, ora duas vezes.
· SOCIABILIDADE – A prática de princípios litúrgicos, bem como o cumprimento das atividades eclesiásticas, promove no religioso um maior desenvolvimento de expressão de liderança e facilidade de comunicação.
· PROSPERIDADE – A religiosidade sendo expressa na família estabelece os princípios e objetivos do clã, oferecendo-lhe uma melhor forma de administração, bem como a definição de seus objetivos primordiais.
· TRANSCENDENTALIDADE – O ensino religioso na família torna possível ao indivíduo enxergar além do momento imediato pelo qual está passando, elevando-o a uma dimensão que somente o divino pode oferecer, ou seja, à transcendência e à fé.
· HUMANIDADE – Nada torna o homem um ser mais humano do que a sua religiosidade, e, paradoxalmente, nada torna o homem mais próximo do divino do que esta expressão de religiosidade. A religiosidade popular é uma manifestação bem clara disto, quando o homem em uma tentativa de manipulação do sagrado aproxima-se do ‘santo’, agora pelo profano, não mais pelo sacerdócio institucionalizado. Esta tensão é extremamente vivida na religiosidade familiar, onde a estrutura institucional é o suporte, porém, o que vale na prática é a relação sagrado-profano.
A religiosidade é importantíssima na formação de todo e qualquer ser humano.
“Instrui o menino no caminho que ele deve andar que até quando envelhecer não se desviará dele”. Provérbios 22:6
“Ex abundanctia enim cordis os loquitur”. (A boca fala do que está cheio o coração).
Procedendo assim, resolveremos grande parte dos problemas que afligem a nossa sociedade, incluindo-se aqui a situação do idoso. Quão difícil não será percebermos que após longos anos de dedicação à família, fomos relegados a um pequeno quartinho e quase nenhuma vida social ao nos tornarmos idosos. Ou ainda pior, sermos enviados para casas de repouso, asilos... Exilados por filhos e netos?
Isso não ocorre nas famílias bem estruturadas, onde todos são tratados igualmente e todos ajudam a cuidar uns dos outros. Segundo a CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988, a família é a base da sociedade e seu dever, compartilhado com a sociedade e o Estado, é “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Sendo assim, cabe aos membros da família entender o idoso em seu processo de vida, conhecer suas fragilidades, suas transformações, modificando sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que ele mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade.
Tradicionalmente, os idosos assumiam papéis-chave na estrutura familiar e as sociedades patriarcais cresciam ao redor da experiência dos mais velhos. Mas, no ocidente, as coisas estão mudando. O núcleo familiar está voltado para o casal e seus filhos, acabando com o espaço ocupado pelos avós. Embora alguns tentem viver sozinhos, existem fatores, como doenças, que exigem cuidados específicos e tornam o idoso dependente.
Mais recentemente, vivemos um período de transição e mudanças, no qual é necessária a compreensão das transições sociais e culturais que vêm desenvolvendo-se nos últimos anos. No entanto, qualquer que seja a estrutura de organização da família do futuro, há a necessidade de se manterem os vínculos afetivos entre seus membros e o idoso. Nesta fase da vida, o que o idoso necessita é sentir-se valorizado, viver com dignidade, tranqüilidade e receber a atenção e o carinho da família. A exemplo das velhas árvores, que continuam dando novos frutos, porque suas raízes são fortes e saudáveis, nossas famílias só têm a ganhar em poder cuidar desses seres encantados que não apenas serviram de canais condutores da seiva que perpetua sua espécie, mas que continuam a desempenhar um papel muito importante no equilíbrio da estrutura familiar, servindo de esteio e referência e regatando seus mais preciosos valores para nortear e fortalecer as gerações vindouras.
O grande desafio deste século é o de cuidar da saúde dos nossos velhos e a conscientização da sociedade da importância do papel da família neste processo de envelhecimento. Sendo a vida familiar o esteio das pessoas ao longo de toda a vida, ainda mais, quando elas envelhecem. O indivíduo normal precisa da felicidade de seus familiares para ser feliz.
Ocorre que, hoje, a vida das pessoas, o ritmo da juventude, não comporta mais um cuidado expressivo com o idoso. Intimamente falando todo mundo quer estar com os seus avós, mas na prática nem todos o fazem efetivamente, porque estão todos muito comprometidos com as próprias vidas.
No entanto, uma família saudável não só cuida de seus membros como os assiste em todas as suas necessidades e momentos, do nascimento à morte.
Toda família já passou, está passando ou irá passar por este tipo de situação. Ter um paciente terminal entre seus membros, ou seja, aquele que tem uma doença sem possibilidade de cura, onde o esperado passa a ser o óbito, sendo paliativa a terapêutica utilizada. Quando se esgotam os recursos de cura para determinada doença e se admite que o doente encaminha-se para o desenlace, não significa que não há nada mais o que fazer; ao contrário, abre-se uma ampla gama de condutas que podem ser oferecidas ao paciente pela equipe médica que o assiste em conjunto com sua família. A assistência aos pacientes terminais exige dos profissionais a compreensão de que é preciso dar o apoio necessário ao paciente e à família deste, para que possam unir esforços em prol do paciente, ao mesmo tempo em que oferece suporte e conforto aos seus familiares. Esse apoio deve ser dado por meio de palavras, gestos, o olhar, o saber ouvir, o toque e um ambiente tranqüilo. Por mais difícil e sofrido que seja vivenciar este momento, deve-se priorizar o bem-estar físico, emocional e espiritual do paciente terminal.
E para concluir, uma pequena estória que nos incita a rever o mau-hábito de subestimar as crianças.
Uma mãe conta que seu filho pequeno – com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado – perguntou-lhe:
- “Mamãe, o que é a velhice”?
Na fração de segundo antes da resposta, a mãe fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta, e disse-lhe:
- “Olhe para meu rosto, filho. Isso é a velhice”.
E imaginou o garoto vendo as rugas, e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino exclamar:
- “Mamãe, como a velhice é bonita”!
FIM
OBS:- Ouça o áudio do Seminário no Player no final da página.
Deputado Federal Dr. Nechar PV-SP (CSSF)
Gostaria de iniciar relembrando alguns conceitos, tais como:
· Família
· Sociedade
· Saudável
Eu diria que, a FAMÍLIA é ‘a célula fundamental da sociedade’, pois ela agrega novos membros; forma a sua personalidade; transmite valores essenciais da convivência civil, como a dignidade da pessoa, a confiança mútua, o bom uso da verdade, o diálogo, a solidariedade, a obediência e respeito à autoridade. Influi em medida notável nas escolhas dos indivíduos em muitos âmbitos: conquistas, carreira profissional, emprego do tempo livre, amizades e relações sociais, em geral. Na maioria das vezes, desenvolve uma ação social direta através de empreendimentos familiares, envolvimento na escola, participação em associações, promoção humana.
Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade.
Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada.
A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.
Pessoas de várias nações unidas por tradições, crenças ou valores políticos e culturais comuns, em certas ocasiões também são chamadas de sociedades (por exemplo, Judaico-Cristã, Oriental, Ocidental etc.). Quando usado nesse contexto, o termo age como meio de comparar duas ou mais "sociedades" cujos membros representativos representam visões de mundo alternativas, competidoras e conflitantes.
Uma sociedade saudável, na definição da Organização Mundial de Saúde, "... é aquela que coloca em prática de modo contínuo a melhoria de seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade".
Muito bem! Para que o homem possa viver em sociedade, é necessária a observação de determinadas regras de convívio, assim como, a assimilação perfeita de valores morais, fundamentados na família e na religião.
Nos primórdios, PLATÃO, cujo nome verdadeiro era ARISTOCLÉS, em homenagem ao seu avô, escreveu “A REPÚBLICA”, que é um tratado completo, onde expõe um sistema de governo e o modo de vida ideal, e como se chegar até ambos. Igualmente conhecida na “REPÚBLICA”, é “A ALEGORIA DA CAVERNA”, que ilustra apenas parte do mundo, reduzindo-o. Sua intenção ao lançar mão dessa alegoria, era ilustrar um movimento de difícil compreensão, que é a libertação dos grilhões que aprisionam o homem.
Falando de forma resumida, no Texto “Alegoria da Caverna”, Platão, em um diálogo com Gláucon, compara a educação humana, ou a falta dela, com uma situação hipotética onde pessoas que tenham vivido por toda a vida dentro de uma caverna, pudessem apenas, durante todo esse tempo, ver as sombras que vinham do exterior, projetadas na parede da mesma, o que para elas, eram a única realidade.
Versava, após, sobre o choque causado pelo primeiro contato de um destes homens com o mundo externo ao que eles viviam em que eles seriam forçados a endireitar sua postura, e olhar para os objetos e a luz, na forma como a conhecemos; falava, pois, sobre a dificuldade em aceitar uma nova proposta, e que, devido ao padrão pré-estabelecido, o homem tenderia a reconhecer como reais os objetos na forma que ele já conhecia, e não no padrão recém apresentado. Para que fosse possível a adaptação, necessitaria acostumar-se gradualmente com o meio. A partir disso, o homem seria levado a formar novas conclusões no tocante ao padrão de realidade em que ele, agora, vive.
Este homem se lembraria de todo o sofrimento que passou na caverna, lembraria dos outros que lá ainda estavam, ficaria feliz por ter mudado sua situação e sentiria pena dos outros; faria tudo para não voltar àquela vida.
Se tivesse que voltar para a caverna, teria dificuldades, pois seus olhos já teriam se adaptado à claridade, e seria humilhado por seus antigos companheiros, que lá ainda estariam, e lhes daria a idéia de que sair dali era ruim, pois “estragaria suas vistas”, levando-lhes a agredir qualquer um que queira tirá-los dali.
Finalmente, Platão demonstra a percepção final da realidade, aonde, chegando-se ao limite do conhecimento do meio, perceber-se-ia que a idéia do Bem é à base de todo o conhecimento e consciência conhecidos, a despeito das ilusões em que as verdades foram outrora baseadas.
Vamos comparar, então, os habitantes da caverna com uma sociedade não-saudável, cujos membros não constituíam uma família, estando apenas restritos a um mesmo espaço.
O ‘sonho’ de uma sociedade hipotética perfeita, repete-se na obra de ALDOUS HUXLEY, “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”. Porém, senhores, não há sociedade perfeita se cada uma de suas células não estiver em harmonia, não estiver fundamentada nas bases da moral e da ética, à luz da observância dos princípios religiosos.
Vivemos em uma época onde a consciência do papel social da família foi ofuscada. Reconhece-se sua grande importância privada, de caráter afetivo, mas de pouca importância na sociedade e para a sociedade. Não lhe é assegurado o necessário apoio jurídico, econômico, assistencial e cultural. Falta-lhe proteção do Estado. Ao contrário, o alargar-se dos deveres de trabalho e dos interesses desgastam a unidade familiar.
A mobilidade social cada vez mais rápida, dificulta a aceitação de um relacionamento conjugal definitivo e favorece a permissividade sexual e as uniões provisórias não legalizadas. Confinada no privado, fechada no isolamento afetivo, a relação conjugal acaba por se tornar mais pobre e frágil. Não sustentado adequadamente no plano econômico e cultural, o casal reduz ao mínimo os novos nascimentos, dando lugar a uma preocupante crise demográfica, principalmente nos países desenvolvidos. Naquela que aparece como “sociedade dos indivíduos”, a família respira com dificuldade, mesmo que ainda seja considerada um valor por todos. Por outro lado, esse mal-estar vivenciado pela família vai repercutir de forma direta na sociedade, no surgimento de inúmeras células não-saudáveis.
É necessário redescobrir e valorizar plenamente o papel da família, comunidade intermediária entre indivíduo e sociedade. É preciso solicitar sua responsabilidade e apoiar seu compromisso, especialmente, no campo educativo. E assistencial. A política deveria voltar-lhe uma atenção privilegiada e servi-la com iniciativas de apoio e integração. Hoje as iniciativas de maior relevo poderiam ter os seguintes conteúdos:
· Tutela da vida e apoio à maternidade;
· Ajuda econômica às famílias com filhos;
· Facilidade na aquisição da casa própria;
· Organização do trabalho que respeite as exigências da vida familiar;
· Eqüidade fiscal com base nos encargos familiares;
· Organização da escola de modo que as famílias tenham efetiva liberdade de escolha e possibilidade de participação;
· Estruturação dos serviços assistenciais de tal forma que envolva as famílias, especialmente em relação aos deficientes e idosos.
Valorizar a família significa prevenir muitos males da sociedade. Uma política para a família é uma política para a liberdade na solidariedade em favor dos outros’. Tais são as palavras do Pe. Leandro Chiarello, professor da PUC-RS, com as quais concordo plenamente.
Essa falta de compromisso com a estrutura familiar como embasamento da sociedade é que tem levado a completa deterioração nas esferas institucionais, políticas e sociais do nosso país; onde vicejam os escândalos de corrupção, levando a população à total descrença em relação aos poderes executivo, legislativo e judiciário e à impressão de que este ‘câncer’ é inextirpável, tendo passado a integrar de forma indelével o caráter nacional.
É aí que entra a importância do ensino religioso na família, sendo esta a célula mater da sociedade. O núcleo familiar é o primeiro grupo social do participamos e recebemos, não somente herança genética ou material, mas principalmente moral.
Nossa formação de caráter depende fundamentalmente, do exemplo ou modelo familiar que temos na formação de nossa personalidade. Segundo os psicólogos deterministas a formação da personalidade de indivíduo ocorre em sua fase infantil. Precisamos entender que existem desvios de comportamento causados por influências sociais (meio social, meios de comunicações, grupos sociais, etc.) e crises existenciais que podem fazer o indivíduo, em determinada fase de sua vida em suas escolhas pessoais nas quais ignoram totalmente todo tipo de informação ou exemplo familiar, e em geral estes desvios são terríveis, social e emocionalmente falando.
O ensino religioso na família tem um papel importantíssimo na formação do indivíduo, ou melhor, na formação da pessoa como um todo. Creio que o ensino religioso na família produz a possibilidade do indivíduo estruturar-se de tal maneira que cria como objetivo básico o bem-estar pessoal e familiar através de uma vida regrada, saudável e estruturada.
Independentemente de ser este ensino religioso, proveniente do catolicismo, protestantismo, judaísmo, islamismo, etc., trará benefícios; desde que haja seriedade e coerência familiar. Alguns destes benefícios seriam:
· ESPIRITUALIDADE – A prática do culto doméstico (evangélicos), das novenas (católicos), o estudo da TORAH (judeus) dentre outras práticas domésticas do ensino religioso promovem a espiritualidade no lar. Uma vez que vivemos em um mundo globalizado, onde a individualidade, o materialismo-consumista tem ocupado a primazia no ambiente familiar, portanto valores espirituais são importantes na vida familiar.
· MORALIDADE – Aqui é necessário fazermos a distinção entre ‘moralismo’ e ‘moralidade’. A moralidade é formada pelo conjunto dos princípios morais e o moralismo é a legalização desses mesmos princípios. O comportamento moral tem tudo a ver com a conduta religiosa da família. O apelo à sensualidade é muito grande nos meios de comunicação. Os jovens são instruídos pela mídia a fazerem uso de preservativos (numa tentativa, um tanto atabalhoada, de conter o avanço das doenças sexualmente transmissíveis), porém esquecendo-se de que toda a cristandade baseia-se no casamento como uma manifestação da graça divina como propósito para o homem e a mulher (muito bem definido em Gênesis, livro sagrado seja esta família católica, protestante ou judaica).
· FRATERNIDADE – O amor fraternal é o fundamento religioso na maioria das religiões, sejam elas cristãs ou não-cristãs (personalistas ou animistas). A identidade de que, todos, partimos de uma mesma origem divina nos irmana.
· SOLIDARIEDADE – O princípio básico religioso é a questão do amor ao próximo e atendimento aos mais necessitados. A solidariedade, tendo a opção pelos pobres, não é privilégio da Teologia da Libertação, ou das campanhas governamentais e das ONGs.
· INTELECTUALIDADE – A leitura diária do Livro Sagrado (Bíblia, Alcorão, Evangelho Segundo O Espiritismo, etc.), promove o ambiente de intelectualidade e interesse pelas diversas formas de leitura.
· MUSICALIDADE – A música é uma linguagem universal, e que na realidade é um dos excelentes meios pelos quais a religiosidade encontra sua expressão mais pura. Dizem que quem canta, ora duas vezes.
· SOCIABILIDADE – A prática de princípios litúrgicos, bem como o cumprimento das atividades eclesiásticas, promove no religioso um maior desenvolvimento de expressão de liderança e facilidade de comunicação.
· PROSPERIDADE – A religiosidade sendo expressa na família estabelece os princípios e objetivos do clã, oferecendo-lhe uma melhor forma de administração, bem como a definição de seus objetivos primordiais.
· TRANSCENDENTALIDADE – O ensino religioso na família torna possível ao indivíduo enxergar além do momento imediato pelo qual está passando, elevando-o a uma dimensão que somente o divino pode oferecer, ou seja, à transcendência e à fé.
· HUMANIDADE – Nada torna o homem um ser mais humano do que a sua religiosidade, e, paradoxalmente, nada torna o homem mais próximo do divino do que esta expressão de religiosidade. A religiosidade popular é uma manifestação bem clara disto, quando o homem em uma tentativa de manipulação do sagrado aproxima-se do ‘santo’, agora pelo profano, não mais pelo sacerdócio institucionalizado. Esta tensão é extremamente vivida na religiosidade familiar, onde a estrutura institucional é o suporte, porém, o que vale na prática é a relação sagrado-profano.
A religiosidade é importantíssima na formação de todo e qualquer ser humano.
“Instrui o menino no caminho que ele deve andar que até quando envelhecer não se desviará dele”. Provérbios 22:6
“Ex abundanctia enim cordis os loquitur”. (A boca fala do que está cheio o coração).
Procedendo assim, resolveremos grande parte dos problemas que afligem a nossa sociedade, incluindo-se aqui a situação do idoso. Quão difícil não será percebermos que após longos anos de dedicação à família, fomos relegados a um pequeno quartinho e quase nenhuma vida social ao nos tornarmos idosos. Ou ainda pior, sermos enviados para casas de repouso, asilos... Exilados por filhos e netos?
Isso não ocorre nas famílias bem estruturadas, onde todos são tratados igualmente e todos ajudam a cuidar uns dos outros. Segundo a CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988, a família é a base da sociedade e seu dever, compartilhado com a sociedade e o Estado, é “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Sendo assim, cabe aos membros da família entender o idoso em seu processo de vida, conhecer suas fragilidades, suas transformações, modificando sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que ele mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade.
Tradicionalmente, os idosos assumiam papéis-chave na estrutura familiar e as sociedades patriarcais cresciam ao redor da experiência dos mais velhos. Mas, no ocidente, as coisas estão mudando. O núcleo familiar está voltado para o casal e seus filhos, acabando com o espaço ocupado pelos avós. Embora alguns tentem viver sozinhos, existem fatores, como doenças, que exigem cuidados específicos e tornam o idoso dependente.
Mais recentemente, vivemos um período de transição e mudanças, no qual é necessária a compreensão das transições sociais e culturais que vêm desenvolvendo-se nos últimos anos. No entanto, qualquer que seja a estrutura de organização da família do futuro, há a necessidade de se manterem os vínculos afetivos entre seus membros e o idoso. Nesta fase da vida, o que o idoso necessita é sentir-se valorizado, viver com dignidade, tranqüilidade e receber a atenção e o carinho da família. A exemplo das velhas árvores, que continuam dando novos frutos, porque suas raízes são fortes e saudáveis, nossas famílias só têm a ganhar em poder cuidar desses seres encantados que não apenas serviram de canais condutores da seiva que perpetua sua espécie, mas que continuam a desempenhar um papel muito importante no equilíbrio da estrutura familiar, servindo de esteio e referência e regatando seus mais preciosos valores para nortear e fortalecer as gerações vindouras.
O grande desafio deste século é o de cuidar da saúde dos nossos velhos e a conscientização da sociedade da importância do papel da família neste processo de envelhecimento. Sendo a vida familiar o esteio das pessoas ao longo de toda a vida, ainda mais, quando elas envelhecem. O indivíduo normal precisa da felicidade de seus familiares para ser feliz.
Ocorre que, hoje, a vida das pessoas, o ritmo da juventude, não comporta mais um cuidado expressivo com o idoso. Intimamente falando todo mundo quer estar com os seus avós, mas na prática nem todos o fazem efetivamente, porque estão todos muito comprometidos com as próprias vidas.
No entanto, uma família saudável não só cuida de seus membros como os assiste em todas as suas necessidades e momentos, do nascimento à morte.
Toda família já passou, está passando ou irá passar por este tipo de situação. Ter um paciente terminal entre seus membros, ou seja, aquele que tem uma doença sem possibilidade de cura, onde o esperado passa a ser o óbito, sendo paliativa a terapêutica utilizada. Quando se esgotam os recursos de cura para determinada doença e se admite que o doente encaminha-se para o desenlace, não significa que não há nada mais o que fazer; ao contrário, abre-se uma ampla gama de condutas que podem ser oferecidas ao paciente pela equipe médica que o assiste em conjunto com sua família. A assistência aos pacientes terminais exige dos profissionais a compreensão de que é preciso dar o apoio necessário ao paciente e à família deste, para que possam unir esforços em prol do paciente, ao mesmo tempo em que oferece suporte e conforto aos seus familiares. Esse apoio deve ser dado por meio de palavras, gestos, o olhar, o saber ouvir, o toque e um ambiente tranqüilo. Por mais difícil e sofrido que seja vivenciar este momento, deve-se priorizar o bem-estar físico, emocional e espiritual do paciente terminal.
E para concluir, uma pequena estória que nos incita a rever o mau-hábito de subestimar as crianças.
Uma mãe conta que seu filho pequeno – com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado – perguntou-lhe:
- “Mamãe, o que é a velhice”?
Na fração de segundo antes da resposta, a mãe fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta, e disse-lhe:
- “Olhe para meu rosto, filho. Isso é a velhice”.
E imaginou o garoto vendo as rugas, e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino exclamar:
- “Mamãe, como a velhice é bonita”!
FIM
OBS:- Ouça o áudio do Seminário no Player no final da página.
Deputado Federal Dr. Nechar PV-SP (CSSF)
Nenhum comentário:
Postar um comentário